Dois dias numa das províncias menos desenvolvidas do país. O aviao era dos pequenos. Sobrevoámos a selva chocoana, o denso do verde que absorve a luz e transforma o espaco-tempo, onde um dia nasceu a sintergetica, ao lado do indio Alfonso.
Por razoes de segurança, nao pudemos sair da capital, Quibdo. Ate para fazermos um passeio de canoa pelo rio, o Jorge teve que pedir autorizaçao a Bogota e fomos escoltados por militares em barcos que nos seguiam.
Aqui as mulheres tem 12, 15 filhos, os homens 40,50. Veem-se poucos indigenas. A maioria sao negros. Descendentes dos escravos negros de Africa. O calor é extremamente humido e, apesar de estarmos sempre com a roupa colada ao corpo ou do efeito de um banho durar menos de 10 minutos, incomoda-me menos que o calor seco de agosto em Lisboa.
Ficamos hospedados numa especie de quinta com varias casinhas espalhadas pelo monte. Fiquei no quarto com a Francisca e a Maria. Tomavamos banho as escuras, por causa dos mosquitos, e de agua fria, por causa do calor, e dormimos de porta aberta, com vista para o verde, embalados pelas cigarras da noite.
Das sanacoes, guardo os olhares, dos anciaos e ancias de 94 anos que apareceram, das criancas, dos conflitos de lugar que quase todos tem por devido a guerra terem sido forcados a deixar a sua terra de origem. Marcou-me uma apresentacao que nos fizeram numa especie de centro cultural, que o olhar desatento nao distinguiria de um patio vulgar de uma casa. Alem da musica, os jovens interpretaram monologos criados por eles: elas focaram as violaçoes, eles a violencia.
Desde que cheguei que despertamos as 5h da manha, todos os dias tivemos sanacoes, todos as noites dancamos. Sempre me surpreendo com a energia da caravana, parece nao existir cansaço...
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