domingo, agosto 02, 2009

de regresso

Colombia é cor. De frutas, de casas, de pele, de alma. De partida, sinto que ainda muitos parques naturais ficaram por visitar, mas o que mais nos toca na Colombia (e um pouco por todos os paises andinos) sao as pessoas. Mesmo com tao pouco, com familias destruidas pela guerrilha ou mulheres inocentes presas pelos esquemas de droga, ha sorriso, ha optimismo, ha um brilho no olhar que reflecte a grande alma, sem duvida mais saudavel, deste povo.

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islas do rosario

Faltam apenas umas horas para partir para Madrid. Estes ultimos dias nas ilhas foram fantasticos. Porem apanhar sol e nadar em aguas cristalinas cansa!... As 10h da noite ja estamos a cair de sono :). Ficamos num hotel que nao era tao turistico como os resorts mais populares do arquipelago, e bastante mais rustico e silencioso. O nosso tecto era de palhinhas, o que se revelou ser uma boa terapia para cohabitar com a natureza, pois varios bichinhos caiam de vez enquando no chao ou nos lencois brancos. Apenas por medo, a primeira noite foi um pouco traumatica mas nada se passou. Comecamos a fazer uma pequena meditacao a noite, invocando a alma grupal dos insectos com o compromisso de nos respeitarmos mutuamente. A nos, juntaram-se da caravana, Nuria (da Costa Rica), Lucia Gloria e Paty (do Mexico), Margarita (de Espanha) e Francisca (de Portugal). Fizemos muitos mergulhos, massagens, snorkeling e varias conversas relativas a experiencia da caravana. Teve um sabor a ferias....

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terça-feira, julho 28, 2009

Meditacao com golfinhos

Ultimo dia da caravana. Nem acredito como o tempo passou depressa. Hoje partimos as 5h30 para as ilhas do Rosario. No aquario ao ar livre, meditamos com os golfinhos e as tartarugas marinhas. Conectamo-nos em especial com os golfinhos, com a sua alma grupal de mamiferos que retornaram ao oceano, berço das nossas origens. É tempo de consolidar as experiencias e prepararmo-nos também para regressar.

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respostas

Uma resposta rapida geral e informal. obrigada pelo carinho: - Lys soube tao bem sentir-te.. - Tio J, ja tinha saudades!!! Andava a estranhar a ausencia de noticias. Quanto ao outro que foi expulso dos states, esse mora no ecuador, nao faz parte da caravana. E o Felipe é talvez dos homens mais respeitadores e atentos que conheço. Por isso pode ficar mega descansado. - Avos, nos trabalhamos mas nao nos sacrificamos, a sanacao é mutua. Ja como de tudo!!! Ate comi frango com a outra senhora! a Mara nao parou de gozar comigo porque nunca me tinha visto a comer carne, tirou fotos e tudo! - Querida Mae, ainda bem que a agenda social e cultural continua activa. E que a Morgas esta bem e acompanhada. bem hajas! Abracinho doce. - Te, como estas? Onde andas? Abraco da Terra.

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Prisao

Ultimo dia de sanaçoes. Fiquei no grupo da Prisao. Os filmes sao reais. A violência associada à droga é real. Mas a maioria das mulheres, inocentes. É uma face da Humanidade tao perversa que nem consigo reproduzir. Foi o dia mais duro da caravana. Nao tive qualquer julgamento moral, poderia ser eu.

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Cartagena das Índias

Levantei-me antes das 5h para apanhar o voo para Cartagena. O cansaço desapareceu à chegada. Mais uma vez fomos recebidos no aeroporto com música e doces locais. Aqui os nossos autocarros sao os tipicos da america latina, com cores, malas no capot e sem portas nem janelas. Chegamos ao Caribe, ao mar e ao calor. À tarde fomos fazer uma sanaçao ao Palacio da Inquisiçao. Foi intenso e belo. Era final do dia. Liderados pela Luz Angela, as crianças da caravana fizeram par com as crianças negras locais. Na forca estava pendurada a bandeira da caravana e a Mara, que iniciou o ritual com Ave Maria de Schubert. Descalça sobre as pedras do jardim do Palacio, recolhi-me em silencio enquanto sentia em mim o inquiridor e a vitima e acompanhava a restituiçao do lugar.

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Templo do Sol

...Mariela deve fazer os colchoes com muito amor porque foi como se tivesse adormecido numa nuvem. Foi o sono mais reparador que tive aqui na Colombia, nao ha como o aconhego de uma casa. O pequeno almoço foi um pouco problemático. Amorosamente ofereceu-nos leite com chocolate com tamal, a refeiçao local, uma especie de mistura de frango, grao, farinha e cenouras envolta em folhas de bananeira que se coze a vapor. O leite com chocolate estava divino, quanto ao frango ao pequeno almoço... tivemos que fazer uma pequena meditaçao antes para sensibilizarmos o estomago. Às 7h30 já estavamos todos no autocarro prontos a seguir para o ritual iniciatico no templo do Sol.

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Duitama

Partimos as 7h de autocarro para Duitama. Fomos recebidos no centro Biosalud com uma pequena mostra de artesanato e almoço. Na parte da tarde fomos divididos em cerca de 50 grupos e fizemos sanaçoes no colegio local a populacao geral. À noite fomos acolhidos em casas de familia. Fiquei com a Mara e a Francisca na casa de Mariela. Mariela faz colchoes e criou os 4 filhos sozinha. O filho mais novo Luis Carlos, com 20 anos, vive numa cidade proxima mas regressa todos os fins-de-semana para estar com a mae. Eram 9 e meia da noite quando saimos do colegio, ansiavamos por um sono de 7h seguidas... penso que falo pelas 3 quando digo que tivemos que fazer um esforço em nos disponibilizar para receber e partilhar. Ofereceram-nos o jantar num restaurante (comi galinha...) e levaram-nos para passear na cidade. Mariela ainda foi comprar um vinho para aquecer e compartimos em casa, mostraram-nos fotografias de familia, de viagens, e com musica romantica e vinho quente com acucar brindamos a Colombia.

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derecho a la felicidad

Mais um dia de sanaçoes. Começamos pelo hospital da Policia de Bogota. O Jorge deu uma palestra, ouvimos o hino da policia e seguimos nas sanaçoes. Varios grupos têm vindo a colaborar continuamente com este departamento e senti que a semente da sintergetica começa a germinar, pois a "propaganda" tinha um discurso diferente, estava realmente...humanizada. Porem, a tarde foi para mim mais especial. Fomos para um centro de apoio a crianças. Nao houve perguntas, apenas interaccao. Fizemos uma sanaçao grupal, acolhemos a criança que estava a nossa frente na criança em nós, dando-lhe toda a protecçao e carinho que ela nao teve. Dançamos, corremos, cantamos, brincamos...sanamo-nos.

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sexta-feira, julho 24, 2009

Cerro Monserrate

Chegada a Bogota. Subimos de funicular a Monserrate. Estamos agora a cerca de 3000 metros de altitude, quase o mesmo que em Leh, nos Himalaias, uns posts mais abaixo. A igreja do topo, foi cedida por umas horas a caravana. Fizemos uma meditacao em movimento. Purificando as aguas da montanha e do coracao em espirais de silencio uno e comunhao conjunta.

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hogares claret

Ultimo dia em Medellin. O grupo foi dividido para sanacoes em varios centros. A nos, calhou-nos Hogar Claret, um local onde o Jorge Carvajal e o Padre Gabriel iniciaram ha uns 25 anos atras uma comunidade terapeutica para recuperacao de jovens toxicodependentes. Actualmente ja tem centros semelhantes espalhados por todo o pais e cerca de 40000 jovens reabilitados. Apesar dos numeros absolutos, as raparigas tem uma taxa de desistencias superior a dos rapazes, algo como 70%, neste centro. A terapia? Em suma, o Amor. O Padre Gabriel saudou-nos pessoalmente a todos. Houve uma pequena introducao a comunidade e passaram-nos um pequeno documentario sobre o local realizado pela David Lynch Foundation. A autenticidade com que nos falou, fez-me (a mim e a muitos) escorrer lagrimas . Grande parte dos jovens, aos 5 anos ja estao viciados em droga. Muitos deles, tem 3 geracoes de familia a viver nas ruas,... sao realidades para nos desconhecidas... Os primeiros que o nosso grupo atendeu, tinham cerca de 18 anos e ja estavam na fase final. Supreendemo-nos, eles nao precisavam de sanacao. Os discursos articulados sobre o seu passado e os projectos para o futuro, o sentido de responsabilidade pessoal e social, foram inspiradores... para nao dizer, invejaveis.

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quarta-feira, julho 22, 2009

dia da independencia

Ontem foi o dia da independencia da Colombia. A manha foi vivida num dos parques da cidade, com a participacao do grupo Canto Alegre e da rede de escolas de musica de Medellin. Fizemos um ritual pela interdependencia entre os paises andinos, entre os continentes e culturas. Na parte da tarde, liderada pela Luz Angela, propunha-se um ritual a mae Terra. A Mara foi uma das protagonistas, tendo o seu canto sido o pano de fundo de todo o ritual. Longe das corrente feminista independentista, que trouxe muita revolta e separacao entre os dois sexos, hoje trabalhamos a Mae Terra, sanando o masculino em cada uma de nós.

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purificaçao

Iniciou-se a caravana e com ela os meus dois dias de purificaçao. Uma pequena gastroenterite fez-me ficar na cama. Como estou rodeada de medicos, nao me preocupei. E realmente nao tive razao de queixa. Passado 20 minutos de ter batido a porta do quarto da Francisca, ja tinha meia duzia de medicos a minha volta, a Luz Angela fez-me uma sanacion, a caravana tem organizada uma equipa SOS com medicamentos disponiveis, improvisaram um sistema de soro no quarto (rapidamente construido graças a Mara), enfim..uma pequena aventura. Enquanto isto, a Mara iniciava-se sozinha no grupo e nas sanaçoes :). Agora ja estou totalmente recuperada, ja como de tudo e ja faco as sanacoes.

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sábado, julho 18, 2009

Medellin

De regresso a Medellin. Um dia livre, um dia "leve". Reencontrei-me com a Mara, que tem um dia normal antes do inicio da caravana propriamente dita, amanha. Amanha ja seremos cerca de 400 e pergunto-me como sera. Medellin é uma cidade rosa, uma extensao chocante de casas no meio das montanhas. A camara ofereceu-nos um tour pela cidade que curiosamente incidia em edificios aparentemente banais da cidade, o enfoque no metro, na biblioteca, no parque da cidade para crianças e deficientes motores, enfim em tudo aquilo que socialmente criou novas oportunidades e começou a conectar os varios distritos da cidade, possibilitando o intercambio e o sentimento de unidade, de igualdade e de pertença.

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Quibdó

Dois dias numa das províncias menos desenvolvidas do país. O aviao era dos pequenos. Sobrevoámos a selva chocoana, o denso do verde que absorve a luz e transforma o espaco-tempo, onde um dia nasceu a sintergetica, ao lado do indio Alfonso. Por razoes de segurança, nao pudemos sair da capital, Quibdo. Ate para fazermos um passeio de canoa pelo rio, o Jorge teve que pedir autorizaçao a Bogota e fomos escoltados por militares em barcos que nos seguiam. Aqui as mulheres tem 12, 15 filhos, os homens 40,50. Veem-se poucos indigenas. A maioria sao negros. Descendentes dos escravos negros de Africa. O calor é extremamente humido e, apesar de estarmos sempre com a roupa colada ao corpo ou do efeito de um banho durar menos de 10 minutos, incomoda-me menos que o calor seco de agosto em Lisboa. Ficamos hospedados numa especie de quinta com varias casinhas espalhadas pelo monte. Fiquei no quarto com a Francisca e a Maria. Tomavamos banho as escuras, por causa dos mosquitos, e de agua fria, por causa do calor, e dormimos de porta aberta, com vista para o verde, embalados pelas cigarras da noite. Das sanacoes, guardo os olhares, dos anciaos e ancias de 94 anos que apareceram, das criancas, dos conflitos de lugar que quase todos tem por devido a guerra terem sido forcados a deixar a sua terra de origem. Marcou-me uma apresentacao que nos fizeram numa especie de centro cultural, que o olhar desatento nao distinguiria de um patio vulgar de uma casa. Alem da musica, os jovens interpretaram monologos criados por eles: elas focaram as violaçoes, eles a violencia. Desde que cheguei que despertamos as 5h da manha, todos os dias tivemos sanacoes, todos as noites dancamos. Sempre me surpreendo com a energia da caravana, parece nao existir cansaço...

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quarta-feira, julho 15, 2009

Chegada

A aproximaçao a Bogota surpreendeu-me. Tinha-me esquecido do reflexo do sol e das nuvens sobre a cordilheira dos Andes. O meu coraçao sorriu ao ver o Felipe na recepcao do aeroporto e senti-me a chegar a casa.

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Lisboa, terminal 1

5 horas de espera, o vôo cancelado. Quando telefonei às Maras à 1h da manha, sabia de antemao a resposta. Ha pessoas com as quais sabemos que podemos contar. Juntei-me a 2 outros passageiros que também precisavam de chegar rapidamente a Madrid: Fernando, antropólogo, estudava as migraçoes dos ecuadorianos e colombianos para Espanha; e Pedro, que ia ter com a namorada à Praça da Colombia, em Madrid. Sorri com enorme gratidao, era o início da caravana.

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sábado, agosto 02, 2008

Sao Paulo

A espera do meu oitavo voo. Dois dias de curso com Neville. Ontem estava de directa e mesmo assim foi um prazer estar no curso. Nao tive um unico momento em que tenha olhado para o relogio a pensar quando acabaria. Hoje finalmente consegui ver algumas lojas, no aeroporto. O meu tempo interno ainda esta nos Andes...mas tenuamente ja sinto o ruido da realidade. O grupo é importante, cria o que em fisica se chama por interferencia construtiva, por haver um enfoque diario comum. Quando nos vemos sós parece tao facil esquecer. Comprometo-me aqui comigo em alimentar diariamente esta fogueira de luz interna. Obrigada a quem me acompanhou deste e desse lado.

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quinta-feira, julho 31, 2008

novamente Quito

Sao quase 5h. Temos voo para Guayaquil as 7h. Ainda nao dormi. So hoje de manha nos apercebemos que era o ultimo dia da caravana. Durante estes dias nao tive qualquer nocao de horas, dia da semana ou do mes...Deve ser preciso desligar para reconectar.
"Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me ha dado la risa y me ha dado el llanto,
asi yo distingo dicha de quebranto
los dos materiales que forman mi canto
y el canto de ustedes que es el mismo canto
y el canto de todos que es mi propio canto."
Violeta Parra, Gracias a la vida

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Cuicocha

Acordamos as 6h para meditarmos na lagoa sagrada de Cuicocha. Tambem uma antiga cratera de um vulcao. A meditacao incidiu hoje sobre o proposito das caravanas, que se iniciaram no sul do Chile,proximo da Antartida, local unico na Terra onde nao ha conflitos politicos ou ambientais. Esta energia e consciencia que tem a vindo a subir e a ser transportada pela espinha dorsal da America. Regressamos ao hotel para iniciarmos as sanacoes. Fiquei feliz por nao sentir cansaco, nao sentir o tempo. No final, pedi ao Felipe que me fizesse uma sanacao. Seguimos para a fronteira com a Colombia para passar o Suryamana para a caravana do proximo ano. Terminamos como comecamos cada caravana, cada dia, em abracos.

Cuicocha

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Pullulahua

No centro do centro. A linha do Equador, a cratera de um vulcao. Os Andes. Descemos a montanha a pé até ao centro da cratera. É a segunda maior cratera habitada do mundo. Os animais pastam em liberdade. Um xama local fez-nos uma cerimonia de saudacao a Pacha Mama, a Grande Mae. Meditamos em conjunto, do fogo da Terra para o fogo transmutador do coracao.
Pulluahua

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terça-feira, julho 29, 2008

Quito

Ao chegarmos ao asilo, havia fila na rua, estavam entre 500 a mil pessoas a nossas espera. Ate me senti desconfortavel porque ainda iamos almocar antes do inicio das sanacoes. O asilo era agradavel, o almoco vegetariano, finalmente. Ao contrario das outras viagens, nesta, nao fico com memorias de paisagens. Sinto que vou conhecendo o Equador, nao de fora para dentro, mas desde o centro, da alma das pessoas.

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Ambato

Dormimos 2h. Estamos agora na montanha e estao menos de 10 graus. Acordei em sobressalto porque disseram que o autocarro ja estava a espera e abdiquei do banho relaxante pelo qual anseio desde ontem. O pequeno-almoco foi no Biocenter de Reckeweg. O tempo por minutos abrandou. Ao descer as escadas em pleno vale, rodeada pelo verde das montanhas, comecaram-se a ouvir violinos. Tinhamos mesas e tendas replectas de frutas e senti novamente a emocao do agradecimento da riqueza que e estar Presente. Fomos divididos em grupos para as sanacoes. Fiquei no grupo do Santiago. Um anfiteatro cheio nos esperava. Nenhum dos grupos parou ate todas as pessoas terem sido atendidas. Todas as sanacoes nos sanam mas ha algumas que nos tocam particularmente. Hoje tive um desses momentos. Seguimos para ouvir a conferencia do Jorge. Ha dois anos que o acompanho com alguma regularidade e nao ha duas palestras iguais. O jantar hoje era de noite tipica. Impressionante como, apos o que haviamos dormido e trabalhado,a maior parte das pessoas dancou a maior parte do tempo. E um grupo muito especial, integral, ha coerencia entre o que se diz e o que se faz. "Paz é deixar passar o passado" Jorge Carvajal, Ambato

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Huaquillas

Na fronteira,encontramo-nos com a caravana que vinha do Peru, numa confluencia de abracos que, mesmo nao conhecendo quem chegava, era impossivel ficar indiferente, sente-se algo no centro de nos proprios que nos faz agradecer internamente o ser parte integrante deste momento.
Fomos esperados pelo vice-presidente da Junta, com discursos e hinos do Equador e do Peru. O Jorge disse apenas tres ou quatro frases e fizemos a primeira sanacao conjunta a um homem que havia levado um tiro e ficado com metade do corpo paralisado. E dificil nao me comover quando o Jorge fala, todos os momentos de trabalho em grupo sao momentos profundos de gratidao.

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sábado, julho 26, 2008

Surreal

Entre acasos e coincidencias, mais um dia em Guayaquil. Mais uma licao ao vivo em confiar, em como de pouco serve fazer planos. Um dia surreal. Completamente surreal. Conheci Neville. Fernando tinha-o conhecido ontem e estava em duvidas se seguiria na caravana o ficava um pouco mais com este homem. Depois do que nos contou, eu e Francisca ficamos tambem. Um homem que foi acusado de terrorismo nos estado unidos porque curava pessoas cancro. Prenderam-no sem direito a advogado, sem direito a falar com a familia.Diziam que ele nao gostava dos estados unidos porque cada pessoa que curava fazia perder ao Estado 15 mil dollares. Poderia continuar a historia que se segue crescentemente surreal. Ele e a mulher, que é americana, virologa, com os seus 8 filhos lindissimos, o mais velho com 16 anos, vivem desde ha um ano e meio numa casa humilde no meio de um bairro de Guayaquil.Escolheu o Equador porque na constituicao esta escrito num dos artigos que um homem espiritual (ou xama) pode utilizar plantas naturais para tratar. O telefone nao para com pedidos de consultas. Neville recebe todos os doentes em casa, ainda fala mal espanhol mas é completamente dedicado aos doentes. Nao tinhamos nada marcado e abriram-nos as portas de casa de uma forma que eu nunca vi acontecer, acompanhamos as suas consultas e ficamos na sua casa enquanto ele foi buscar a mulher que hoje tocava para o presidente. Esta historia tem muitos pormenores. Seria capaz de escrever umas 10 paginas sobre o dia de hoje. Omito por enquanto. Faremos um curso com ele quando terminar a caravana.

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sexta-feira, julho 25, 2008

em transito

O voo de Madrid para Quito partiu com 2h de atraso devido a problemas tecnicos.A viagem, de 10h ou 12h, perdi um pouco a nocao do tempo,foi tranquila. O habitual, dormi a maior parte do tempo, ouvi mantras e vi um filme. Vim ao lado de uma rapariga que, ja depois de aterrarmos, caiu no chao sem aviso. Ainda lhe pressionei o ponto de reanimacao de acupunctura e quando deixei o aviao ela ja estava a retomar consciencia, rodeada pelos assistentes da companhia. Sinto que ela ficou bem, mas a sua historia intrigou-me, muito poucas pessoas viajavam sozinhas naquele voo. Tinhamos trocado algumas palavras, mas no concreto, apenas sei que ela seguia viagem para a Colombia. ...Assumi que jamais viria a descobrir quando resolvi nao esperar e sair do aviao para tratar de arranjar o proximo voo para Guayaquil que, devido ao atraso, havia perdido.

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quinta-feira, julho 24, 2008

Madrid, terminal 1

Quatro familias de sul americanos. Eu. As senhoras da limpeza e os rapazes de laranja que plastificam as malas. Sinto os ciclos e a impermanencia e tento ve-los como algo abencoado, como oportunidades de mudança.Nao sem nostalgia, senti a mudança dos rostos e da companhia. Da India para os indios. Mas ha algo que me mantem confortavel, a autenticidade. Chegar ao terminal e ver familias deitadas no chao com a naturalidade dos jovens de mochilas as costas fez-me sorrir. O ruido interior cessou. O meu Ser ficou Presente e em silencio.

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quinta-feira, abril 13, 2006

perservar a erosao

Ontem foi um dia em cheio, o mais proximo que estarei de outro planeta, ou da terra primitiva. Comecou com a visita da cratera de um meteorito com 45m que embateu na terra ha 50000 anos atras. Depois visitamos o deserto pintado, praticamente sem vida, de tons vermelhos e brancos como o planeta marte. E tambem a floresta petrificada, uma floresta do periodo do triassico que se transformou em rocha. De facto, ressalta a impermanencia do ciclo da natureza.
O dia acabou com a observacao de saturno de um observatorio astronomico.
E estou de momento de partida para phoenix. Obrigada por terem partilhado comigo estes pequenos pedacos de viagem.

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quarta-feira, abril 12, 2006

grand canyon

Hoje foi o dia do Grand Canyon. E de uma imensidao impressionante. Na sua maioria visitado por americanos e os seus pares de filhos louros de olhos azuis, ou meninas chinesas adoptadas. Mas apesar de tudo, consegui encontrar um local sossegado entre os penhascos para almocar e tentar sentir a terra.

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segunda-feira, abril 10, 2006

do deserto para as montanhas

Ja estou em flagstaff, em plenos alpes americanos.
Ai como eu me arrependo de nao ter trazidoc arta de conducao!Amanha vou ao canyon, e tenho que pagar 60$....com o carro conseguiria ver muito mais das inumeras atraccoes aqui a volta...mas enfim....
Entrei oficialmente em poupancas. Ontem o meu jantar foi comprado no supermercado: sopa de noodles tailandesa, macarrao com queijo e gelado...afinal ate foi de luxo,,, a ver um filme na cama com a sandra bullock e o hugh grant. E que agora tenho microondas e frigorifico, de modo que e sempre a aviar. Hoje sera a mesma coisa, mas foi comida a mais, de modo que so com a sopa fico bem. 
Mudei de alojamento (Travel inn quarto 219), e posso dizer que este e o melhor ate agora, tem internet, pequeno almoco, spa (ainda nao fui ver como e..) e o quarto e bastante bom...e melhor que tudo isso sao apenas 42$.. e nao tenho que ir nem de taxi nem de autocarro para o centro da cidade.
O alojamento de ontem era mais caro e nao tinha pequeno almoco,  nao estava la mt limpo e as tomadas faziam faisca...O meu pequeno almoco de hoje foi aproveitar a tijela de plastico que vinha da sopa, desfazer duas barritas de cereais e acrescentar leite....foi esplendido.

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sábado, abril 08, 2006

mais um dia em Tucson

Afinal resolvi ficar por ca ate domingo. Quando cheguei a estacao de autocarros, ja nao tinha bilhete (e chegeui 1h antes) e o autocarro estava 90m atrasado de modo que perdia a ligacao para Flagstaff. Pus a minha mochila no cacifo e fui para um alojamento que e muito muito proximo de modo que poupo o dinheiro de mais 2 taxis... Portanto estou ate amanha no days inn convention center.
Deu para perceber que tucson aos sabados fica deserto...o que e quase uma redundancia, afinal ja estamos no deserto... Nao consegui encontrar nenhum sitio decente para comer a nao ser fast food...que para meu espanto....volta McDonald's estas perdoado, nunca pensei que em plenos estados unidos fosse tao mau,,,,o preco e a qualidade... Enfio logo a seguir uma trident ou um halls.
Ontem fui ver as estrelas com e sem telescopio num parque de estacionamento ao pe do centro de convencoes. ...Eu explico. Participei num estudo de um psicologo da universidade da UBC no canada acerca de....bom enfim, nao vou entrar em detalhes, porque o Tio J de certeza que me iria gozar para o resto da vida.. a perder tempo com 'essas coisas que nao servem para nada'...Digamos apenas que apenas tinhamos a olho nu q responder qual a estrela (entre varios pares) que estava mais proxima, e que isso poderia ter alguma relevancia num estudo muito esoterico sobre a consciencia. No final vimos a lua e jupiter ao telescopio e ainda nos deram a cada um 10$ pela participacao,,,fiquei toda contente porque me pagou o taxi para casa.
E tudo por agora. Depeco de voces. E de Tucson.

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sexta-feira, abril 07, 2006

últimos dias em Tucson

Uma vez mais na biblioteca. A semana esta a chegar ao fim e alem de mandar noticias para casa, tenho que decidir o meu proximo itinerario, alojamentos etc.
A verdade e que, sinto-me bastante a vontade ao passear pela cidade. Que curiosamente, nao e assim tao grande, e algumas pessoas ja me conhecem de vista. As duas raparigas de ascendencia mexicana que todos os dias apanham o mesmo autocarro para ir para a escola, as senhoras do centro de informacoes de turismo, a rapariga do simply convenient que me vende os cartoes telefonicos, o italiano dono do cafe Milano onde almocei 2x, o Mohammed do hotel Arizona que quase todos os dias me chama um taxi para voltar para o meu alojamento, entre outros... Na verdade pouco mais falamos, mas ha sempre um sorriso de reconhecimento que me faz sentir em casa.
Tenho um pedido da avo, para fazer uma descricao do alojamento e das comidas. O quarto do alojamento alem do barulho e da localizacao, esta a altura de qualquer hotel de 3 estrelas onde eu tenha ficado, tem uma cama de casal, uma casa de banho, uma mesa com duas cadeiras, televisao, roupeiro, etc. Tambem tem piscina no exterior, mas apesar do calor, nao senti vontade de dar nenhum mergulho, na verdade as vezes chego tao cansada que so vou dormir (hoje dormi 11h!), e que como dizia um rapaz suico da conferencia, nos europeus andamos a pe. O pequeno almoco e razoavel mas literalmente descartavel. Sao copos, pratos, tijelas e facas de plastico, que no final se colocam no lixo (eu so espero que eles reciclem). Mas pronto, tem cereais, podemos fazer torradas, bolos frescos, leite, cafe, etc, etc. Fico bem aviada para o resto da manha. Os almocos, como referi, muita das vezes como no italiano que tem precos na ordem dos 8$ mas a quantidade e tal que fico uma hora sentada a comer!... Para o jantar, como na cama umas bolachas de agua e sal, umas macas biologicas (que comprei no supermercado), um sumo, por ai, a ver televisao. Ja vi de tudo, Sexo e a cidade, reality show Top Model, o reality show Idolos, as Gilmore Girls, Oprah (confesso que apesar de tudo, nao tenho coragerm para ver o CSI a noite....da-me arrepios...).
E ja chega, vou agora ver os alojamentos para amanha... beijinhos a todos.

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quinta-feira, abril 06, 2006

novo dia

Acordei com o som dos passarinhos (e da autoestrada)..*e a sala do pequeno almoco (que apenas tem 3 mesas) estava cheia, de modo que partilhei o lugar com um casal de americanos de ascendencia chinesa de chicago. Depois resolvi explorar um pouco a cidade. Foi muito agradavel descobrir um outro ambiente mais dentro do que eu estaria a espera de enconttrar por estes lados, casinhas de varias cores com lojinhas e casas de comida mexicana, pizzerias e hamburgers.. e uma zona mais proxima da universidade, and there's some freshness to it..
aproveitei e fui ver uma exposicao de fotografia ao centro de fotografia creativa da univ arizona. E claro que fiquei com saudades do meu tempo de estudante e com nostalgia de talvez ja nao vir a tempo de voltar a estudar numa universidade destas. Mas curiosamente, o sentimento passou-me assim que me afastei algumas milhas... ao fazer umas compras (sim, ja despachei essa parte) uma senhora perguntou-me se eu gostava de vir viver para ca... e eu muito prontamente respondi que actualmente preferia viver na europa.. so depois reflecti na rapidez com q respondi. Afinal, vou a asia e tenho vontade de ficar num mosteiro, vou a africa, de ficar numa missao, enfim, aprendi a aceitar que faz parte da minha maneira de ser e de sentir.
Ontem vi um dos pores do sol mais lindos da minha vida...metade do ceu ficou literalmente roxo e laranja e tinha as palmeiras a frente....
 
 
*na verdade as 2h da manha, e comecei-me rapidamente a vestir porque achava que ja eram oito (vi o relogio ao contrario,...e nao tem numeros), so quando ia a sair e que vi que ainda era de noite e voltei p a cama....

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terça-feira, abril 04, 2006

contacto

Finalmente consegui encontrar um local com internet...na biblioteca. pelo menos e de graca... e incrivel como foi bem mais dificil encontra-lo em plenos estados unidos do que numa vila qualquer no meio da india...a razao e que como, teoricamente, estamos no 1 mundo, assumem que todos trazem o seu portatil com acesso a redes sem fios disponiveis um pouco por toda a cidade...
O interior dos estados unidos e exactamente como nos filmes,... pessoas obesas com nomes do estilo Mary Pat, sotaque arrastado numa voz de cana rachada, comida insuflavel que fica pronta em 3 minutos, homens, mulheres e criancas que se deslocam com meias e chinelos para qualquer lado da cidade,, estradas exageradamente largas que deixam vazios entre as casas e as pessoas... No entanto, sinto-me confortavel. A minha ascendencia latina permite-me camuflar entre a poeira do deserto e os imigrantes e desprevilegiados com quem partilho o autocarro a caminho da baixa tucsoniana (todos no arizona falam um pouco de espanhol e as tabuletas estao a maioria das vezes nas duas linguas). E permite-me observar sem me sentir observada, permite-me ver o outro lado da america longe do glamour de hollywood. Um outro lado que tambem tem a sua essencia, mais proxima dos indios que outrora partilharam este espaco.
A conferencia esta a ser muito interessante, hoje estive num workshop acerca da ligacao fundamental entre a anestesia e a consciencia, que misturava elementos da fisica quantica..razao pela qual vim.
Bom o meu tempo esta a acabar.
Beijinhos a todos e tambem a morguinhas e a gaya.
Amanha volto a escrever.

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sexta-feira, agosto 19, 2005

Sãs e Salvas


O final. A foto da praxe. Um outro ponto de vista.

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segunda-feira, agosto 15, 2005

Taj

http://www.akbarkhanstajmahal.com/videos/teaser_english_hi.wmv Para os românticos inveterados....alguma da história por detrás do maior edifício construído em nome do amor.

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domingo, agosto 14, 2005

Itinerario final

Dia 14: Hotel Siddharth, quarto 102, Khajuraho. (viemos de aviao).
Dia 15: Partida de carro as 6:00 para Agra, Sr Samim, MP 16-T008. Chegada a Agra. Visita ao Taj Mahal. Partida de comboio para Delhi. Alojamento no Hotel Prince Polonia (a confirmar).
Dia 16: Compras em Delhi.
Dia 17: Partida para Londres-Lisboa.
Dia 18: Chegada a Lisboa.

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Kama Sutra

Estamos em Khajuraho. Em orgia...cultural.

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sábado, agosto 13, 2005

Do Silencio

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Varanasi

Fim de tarde em Varanasi. Partimos de barco de um dos ghats da cidade. Dois corpos ardem a beira do rio enquanto nos afastamos das margens e entramos no Ganges. Mergulho em pensamento nas suas aguas leitosas enquanto observo de longe os rituais do fim do dia. As pequenas velas colocadas sobre folhas e flores de lotus flutuam em harmonia com a corrente levando aos deuses segredos e preces que se fundem com os elementos. Esta Presenca e a magia de Varanasi, a qualquer altura do dia.

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House of Shiva, Lord of Destruction

Existem três deuses hindus principais, Bhrama, deus da criação, Vishnu, deus da manutenção e Shiva, deus da destruição. Varanasi é uma cidade sagrada para os Hindus por ser a morada de Shiva. As pessoas são chamadas aqui no final da vida para que a passagem seja mais suave, para que a morte seja sem sofrimento. É-lhes pedida uma aproximação espiritual através da ritualzação e da enculturação: é um lugar de silêncio e de oração, onde as gerações se cruzam. As águas do Ganges diminuem o peso das reencarnações sucessivas e por isso, o rio acorda para receber os elementos mais velhos das famílias nos seus banhos matinais, os homens de fé, as lavadeiras de roupa, os cadáveres cremados na noite anterior, as crianças que iniciam a invocação dos mantras... Quando alguém morre, é envolto em panos e coberto de flores, e o seu corpo é depositado sobre um monte de troncos de madeira. O fogo não pode ser ateado com fósforos, gasolina ou outro material inflamável: o filho mais velho daquela família deve ir buscá-lo ao templo de Shiva, algures na velha cidadela. Cada corpo demora cerca de 3 horas a cremar, à excepção de crianças, grávidas, sadhus, morte por varicela ou mordedura de cobra. Curiosamente estes corpos não ardem, não se degradam pelas chamas, mesmo quando queimados durante dias: de acordo com os locais, são corpos demasiado quentes (com muito calor interno), mais quentes que o fogo, e por isso são oferecidos directamente ao rio. Ao fim de 3 horas o corpo está praticamente irreconhecível, desmembrado, reduzido a ossos. Nessa altura é trazido um pote de barro com água do Ganges e é derramado sobre a pira, para que seja facilitada a libertação da alma e o atingimento do Nirvana. O pote permanece junto à pira até esta estar completamente fria, altura em que o pote é quebrado sobre o que resta: para a família, é tempo de parar o luto, é a forma e dizer que aquele familiar já não existe e que podem continuar com as suas vidas. Este ritual repete-se vezes sem conta, nos dois Ghats de cremação da cidade. Dia e noite, é imparável, assim como o avanço do tempo. As fotografias não são permitidas, mas o fumo constante ou os clarões ao entardecer espelhados no rio afirmam a sua presença, como que tornando real para todos esta realidade, agora ou depois. É a Varanasi que as pessoas vêem morrer. Há quanto tempo estarão aqui à espera?

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quinta-feira, agosto 11, 2005

A Entrega

Chegamos a estacao de Pathankhot ao entardecer. Quase duas horas de espera numa estacao secundaria, que segundo o guia tinha pouco para oferecer, excepto a almejada deslocacao. Pathankhot eh bem mais a sul do que tinhamos estado antes, e isso notava-se. O calor humido, o cheiro a terra, as pessoas na beira da estrada...estavamos no estado de Punjab, um dos mais pobres da India. Mas, sem duvida, ja tipicamente indiano, sem qualquer traco Budista - a India Profunda, dos relatos dos viajantes de mochila as costas, dos saris e do acafrao, do cheiro a incenso e a urina. Toda a ideia de viajar de comboio me deixou apreensiva: porque as estacoes eram perigosas, porque os comboios tinham bombas, porque tinha duas noites pela frente num beliche sem privacidade, porque podia nao ir proxima das minhas companheiras de viagem. Mas longe de ser um cenario aterrador, deparei-me com uma estacao cheia de vida, com vendedores de chamucas e chapatis acabadinhos de fazer, com carregadores de malas, passageiros ah espera, vendedores de fruta, de revistas, e de passatempos. Tinhamos bilhetes AC2, os lugares caros e elitistas do comboio, que protegiam dos nativos enfezados e dos elementos, nomeadamente do calor. Gratas pelo A/C, desconfortaveis com a "redoma". O descanso foi parco -- deixava insistentemente que o balanco do comboio me embalasse os sonhos mas a excitacao da coisa nova e o ressonar do vizinho impediam-me de adormecer. A Teresa, ja desde o inicio desta viagem apelidada de "soneca", nao manifestou neste caso qualquer problema, com o vizinho barulhento mesmo em cima... Eram previstas 28h de viagem, que languidamente se estenderam para 32...mas foi uma experiencia unica, um mergulho na realidade desta gente, um filme real pela janela e um tempo para ler e reflectir...e partilhar.

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segunda-feira, agosto 08, 2005

Nota:

Estavamos as duas ao mesmo tempo a escrever em computadores diferentes... Curioso a escolha de palavras ser tao semelhante.

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Dharamsala

Sede do Governo Tibetano em Exilio e Local de Residencia Oficial do Dalai Lama....eh facil perceber porque estamos aqui. Mas longe de ser o paraiso Zen que estava ah espera, deparo-me com uma cidade estilo favela, um verdadeiro Ghetto, em que ha um real sofrimento e nostalgia do Tibete e um rancor internalizado pela impossibilidade de voltar a casa. Enquanto que para a maioria de nos eh um ponto de passagem, que confere uma dinamica interessante a cidade (ha sempre cursos de Reiki, massagem, tibetano, culinaria a decorrer), para os que ca vivem eh a alternativa possivel e e permissao de vivencia num pais que nao eh o seu. E, mais uma vez, e-me impossivel ficar indiferente. "Often we encounter things in anoter tradition that help us better appreciate someting of our own." Joseph Goldstein

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De partida

Saida de Dharamsala. Foram uns dias algo intensos. A energia aqui nao e serena e convidativa, reflectindo antes a sua real motivacao. Afinal, nao estamos no Tibete. Estamos sim, rodeados de pessoas que nao sentem pertencer aqui. As lojas tem autocolantes e cartazes a dizer "Libertem o Tibete", "Nao vendemos produtos feitos na China", "Onde esta o Panchen Lama?".
Nao se caminha pelas ruas de Mcleod Ganj indiferente, apesar de quase sempre se desviar o olhar.

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domingo, agosto 07, 2005

Rewalshar

A 24 kn de Mandi existe um pequeno lago entre as monhanhas chamado Rewalshar. Tinhamos a indicacao que era um lago sagrado, mas pouco mais....de qualquer forma, pareceu um bom sitio para "partir" a longa viagem ate Dharamsala. Mais quente e humido do que o habitual (tinhamos acabado de chegar da montanhas cobertas de neve), o lago saudou-nos a meio da tarde, com sons de passaros, macacos e o borbulhar dos peixes. Ali parecia que todos os seres estavam em ressonancia com o Mundo, que as unicas guerras animais eram a competicao por oferendas dos templos adjacentes. Ali o ceu escureceu e reflectiu as tenues luzes dos templos Hindus, Budistas e Sikhs sobre as aguas: de maos dadas e olhos projectados no longe, adormeci com os monges ao som de oracoes. Durante a noite trovejou e choveu torrencialmente durante cerca de 3h, e fomos despertadas do sono pelo barulho e pelos relampagos. Por momentos pensei que tal chuva pudesse causar inundacoes nas terras abaixo e a possibilidade de ficar ali por forca maior pareceu-me confortante: ali sentia-me segura...descansamos muito pouco e as 6.00h da manha fomos partilhar a oracao matinal com os monjes (estavamos hospedadas no Mosteiro e nao havia como nao ouvir o som das longas trompas, logo as 5.30h). Nem tivemos tempo para tomar pequeno almoco, porque a oracao durou mais de duas horas, e era ja tempo de partir...mas a presenca naquela puja deixou-me mais tranquila quanto ao que esperar para o resto do dia. E despedimo-nos de Rewalshar, acordado da noite sombria por entre as brumas da montanha, com a Visao da palavra Comunhao. E a medida que o Jipe se afastava, olhei para tras e vi as brumas a encerrarem e esconderem de novo a entrada deste lugar.

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quinta-feira, agosto 04, 2005

Ladakhi Toilet

Nao posso deixar de fazer uma nota acerca das WCs ca do sitio... Como ja devem calcular, encontrar num restaurante ou qualquer outro edificio publico uma WC estilo "ocidental" eh uma raridade. Tipicamente, eh a chamada casa de banho do "buraco no chao". Mas nao me posso queixar, pois estes Indianos sao muito inventivos! Em vez do tradicional buraco conhecido no Ocidente, aqui ha um pouco de tudo. Uma WC particularmente apreciada foi a do Cafe La Terrasse em Leh. Enquanto o vulgar mortal se refastela no terraco a olhar as bonitas paisagens de Leh, uma verdadeira revolucao ocorre no cubiculo abaixo....entregam-nos uma chave que abre um cadeado de um portao para as traseiras do edificio e avisam-nos de antemao que se trata de uma "Ladakhi Toilet....luxurious Ladakhi Toilet", com um sorriso amarelo. O mais incauto dos turistas ira deparar-se com uma especie de palheiro de 2 andares, com umas escadinhas para o andar de cima (e que alguem se livre de entra no andar de baixo!). Ao entrarmos no dito compatimento (amplo, mal iluminado e aparendemente INODORO!), reparamos no dito buraco no chao, um quadrado perfeitamente delineado, um montinho de terra e uma pa... pois eh, ja devem estar a perceber, o buraquinho e para deixar cair "o material" para o andar de baixo e a pa e para por terra nos bordos do buraquito (para quem tem problemas de pontaria). E sao assim, com variantes no tipo de material com que sao construidas (madeira, tijolo, barro, etc), estas sao as tradicionais e luxuosas Ladakhi Toilets. E nem sequer veem com manual de instrucoes...

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Vashisht e o encantador de serpentes

Levemente adormeco ao som da musica. Os tambores mantem o ritmo e a voz leva-me para la. Ouco o som da agua quente e dos animais, melodicamente pautados em orquestra. Tudo parece fazer sentido. Eh um filme real, eh um sonho com sabor a canela. Sento-me no cafe Rainbow a contemplar a vila abaixo: ao olhar, quero sair, mas permaneco. Espero que os medos e os fantasmas venham ate mim para os poder abracar: a cobra e o encantador, os Sadhus que olham o ceu de Krishna, as bacterias....todos os medos visiveis e invisiveis. Batem a porta e deixo-os entrar. O ser abre-se para esta realidade, e condensa-se a energia. Por momentos estou em paz, intocavel, protegida pelos Deuses que aqui moram. E tudo faz sentido, ao som do Mantra.

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terça-feira, agosto 02, 2005

4 estacoes

Final da primeira semana. Final da segunda estrada mais alta do mundo. Ao longo de caminhos sinuosos, fomos presenteadas com cenarios distintos. Passamos por desertos, florestas, montanhas geladas e prados verdes. Enfim, as 4 estacoes em 3 dias. Adriana

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Leh-Manali Highway

Estamos de volta! Bom, estes 3 dias nao foram faceis...sem internet, sem aquecimento (pensam que nao eh preciso?) e sem costas qe aguentem.....queremos ja mas eh uma massagem aiurvedica. Este post vai ser sem inspiracoes poeticas e sem rodeios, de acordo com o que se passou nos ultimos dias. Foram 3 longos dias ate Manali, a capital indiana dos desportos radicais e algo estilo colonialista. Primeiro, algumas horas para o cristalino Tso Moriri, um lago de aguas cristalinas a 4500m de altitude, no coracao dos Himalaias. Alojamento: tenda....pois eh, EU dormi numa tenda! (da para acreditar?)...sem agua, sem luz, mas com o ceu estrelado como tecto (a barraca tinha buracos...). Paa alem disso fez um frio de rachar durante a noite e so tivemos sonhos esquisitos, portanto, mais uma noite mal dormida. Poderao ver pelas fotos que nao estou com um ar muito contente de manha...No dia seguinte fizemos mais uns quilometros ate a estrada ate mamali, a Highway leh/manali. Tinhamos a secreta esperanca que fosse mesmo uma autoestrada, mas nao era. Uma faixa de rodagem com dois sentidos com camioes, autocarros de turistas, as vezes ladeada por um penhasco com 400-500m de altura, outras vezes sem asfalto, outras com pedregulhos resvalados no meio da estrada, enfim, tipo daqui a Freixo de espada acima por estradas rurais. As vezes a estrada era um rio. Mas era linda. todos os 475km dela. Que demoraram 3 longos dias a percorrer. Quis Shiva, Buda, Cristo e outros que nada nos acontecesse, nem sequer um pneu furado.

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sábado, julho 30, 2005

abrir a fechadura com uma chave tibetana

Novamente a relaxar no cafe "La Terrasse", com vista priveligiada para o palacio de Leh. A luz incide na cidade, abracando cada recanto com um ultimo raio de sol. Este anoitecer anuncia a despedida, arranca os lacos criados aqui, mas ha algo que permanece e outro tanto que vai comigo. Um pedaco de uma realidade que so conhecia em sonhos e que se tornou real nos ultimos dias atraves dos olhos profundos dos Lamas e dos pequenos monges. Os ensinamentos sao demasiado vastos para serem apreciados na sua totalidade, portanto arrecado o maximo que posso na mochila que agora parece pequena e sigo adiante, na esperanca de nao deixar a maior parte destes fragmentos escapar. Eh preciso acimatizar em Leh, mas depois so apetece ir mais acima, para la dos picos de neve dos Himalaias.

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sexta-feira, julho 29, 2005

Oracao matinal

De manha fomos ao Mosteiro de Thiksey (a uns kilometros daqui). As cores ao amanhecer sao mais translucidas, conferindo as montanhas uma imponencia diferente, mais magica, mais impenetravel. Chegamos as 6 da manha para ouvir os monges, desde os miudos aos mais velhos, a cantarem as suas oracoes matinais durante uma hora. Foi um momento unico. Os tons de vermelho das tunicas, o cha de manteiga derretida, o som de palavras inacessiveis que apenas se decifram pelo sentir da sua vibracao, dissolveram-me por momentos as fronteiras do Ser, permitindo-me estar Presente. Ser Eu e ser Todos. No lugar sem tempo nem espaco da consciencia humana.

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